domingo, 5 de novembro de 2017

Por que, Lula disse que perdoa os "golpistas?" Para o PT se aliar com o PMDB em 2018...


O ex-presidente Lula ao lado do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e do governador Renan Filho
O PT acirra discurso de esquerda, mas Lula faz acenos à direita: o que está por trás dessa aparente contradição?


Ex-presidente afirmou que está “perdoando os golpistas”. Ex-ministro petista Luiz Marinho também defendeu que o partido reveja a proibição de petistas se aliarem com siglas que apoiaram o impeachment

O senador Renan, o ex-presidente Lula e o governador de Alagoas Renan Filho: O “golpista” que votou a favor do impeachment de Dilma agora é aliado do petista. | Ricardo Stuckert
O senador Renan, o ex-presidente Lula e o governador de Alagoas Renan Filho: o “golpista” que votou a favor do impeachment de Dilma agora é aliado do petista. Ricardo Stuckert

A um ano das eleições, o PT ensaia uma redução na intensidade do discurso de que a ex-presidente Dilma Rousseff foi vítima de um golpe. E o motivo é bem pragmático. O partido quer se aliar em 2018 com siglas que apoiaram a deposição da petista, inclusive com o PMDB do presidente Michel Temer. Lula já tem o novo bordão para justificar a mudança de postura: é hora de perdoar os golpistas.

“Toda as vezes em que a direita nesse país resolveu usurpar o poder, a primeira coisa que fez foi destruir moralmente seus adversários. Foi assim com Getúlio [Vargas], depois com Juscelino Kubitschek, depois com Jango [João Goulart]”, disse Lula na segunda-feira (30), em Belo Horizonte (MG). “Sou mais paciente que Getúlio e João Goulart e talvez mais que JK, que tentaram tirar três vezes e ele sempre perdoou. Estou perdoando os golpistas deste país.”

Lula já havia se reaproximado em setembro do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que votou a favor do impeachment de Dilma em 2016. Na caravana pelo Nordeste, o ex-presidente trocou afagos com Renan e com o filho do senador, o governador Renan Filho (PMDB). Os dois têm a ganhar com a possível aliança. Lula ganha um palanque em Alagoas. E o senador, que busca a reeleição, se desvincula de Temer e liga sua imagem a Lula – que é popular entre os nordestinos.


Petistas já admitem rever proibição de alianças com partidos “golpistas”

Presidente do PT no estado de São Paulo, o ex-ministro Luiz Marinho afirmou , em entrevista publicada nesta sexta-feira (3) pelo jornal O Estado de S. Paulo, que o partido tem de rever, para 2018, a proibição de alianças com os partidos que apoiaram o impeachment de Dilma.

“Veja, nós temos que recuperar bases. A maioria do povo também apoiou o impeachment e nós queremos recuperar a maioria do povo”, disse Marinho. “Não vejo a necessidade de um grande arco de alianças para a candidatura do Lula [a presidente]. Vamos precisar de uma grande aliança para governar, no Congresso. Mas isso pode se dar no processo eleitoral ou pós-eleições. Agora vamos analisar no sentido de ganhar a eleição. Depois se tomam providências sobre composição da base no Congresso.”

Questionado sobre a reaproximação do PT com peemedebistas, Marinho afirmou: “O PMDB nunca foi um partido nacional, sempre foi uma federação de caciques nos estados. Então vai depender do posicionamento do partido em cada estado. Mas não enxergo qualquer possibilidade de aliança com o PMDB em São Paulo porque o Michel Temer é de São Paulo. Agora, em alguns estados, eventualmente pode acontecer [a aliança]”. Marinho ainda afirmou que não vai ser um “liberou geral”. “Mas o PT deve permitir aliança com partidos que apoiaram o golpe.”

Presidente nacional do PMDB, o senador Romero Jucá (RR), disse que as alianças regionais poderão ser feitas com qualquer legenda. “Não há nenhum tipo de proibição”, afirmou. “Cada estado tem uma realidade diferente.” Jucá votou a favor do impeachment, foi ministro de Temer e hoje é é líder do governo no Senado.

Presidente do Senado e tesoureiro do PMDB, Eunício Oliveira (CE) também votou votou a favor da cassação de Dilma. Mas ele próprio é um dos que devem se aliar a uma chapa petista para tentar se reeleger. O peemedebista deve fechar aliança com o governador Camilo Santana (PT) no Ceará. “O PMDB é plural”, disse Eunício. “Não tem essa história de não poder fazer aliança com A ou com B.”

Além do Ceará, há negociações entre PMDB e PT em estados como Minas Gerais, Paraná, Alagoas, Piauí, Sergipe, Tocantins e Goiás

******************************************

Reportagem de "O Globo"
Em ao menos seis estados, PT deve se aliar a PMDB e a políticos que apoiaram o impeachment
Lula deve martelar que queda de Dilma foi 'golpe', mas quando subir nos palanques estará ao lado de 'golpistas'

 POR CRISTIANE JUNGBLUT E PATRICIA CAGNI 04/11/2017 4:30 / atualizado 04/11/2017 8:33

O ex-governador do Rio Sergio Cabral Foto: Geraldo Bubniak Cabral pediu ajuda para receber dívida da Odebrecht, relata delator 05/11/2017 4:30

BRASÍLIA - No plano nacional, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá martelar a tecla de que o impeachment de Dilma foi um “golpe”. Mas, quando subir nos palanques de ao menos seis estados brasileiros, o petista vai estar lado a lado com os “golpistas” que sempre atacou.

Os exemplos mais notórios são os dos senadores peemedebistas Renan Calheiros e Eunício Oliveira, que deram votos favoráveis à saída da ex-presidente, afastada por 61 a 20 no Senado em 30 de agosto de 2016. Mas não é só nas Alagoas de Renan ou no Ceará de Eunício que as conversas entre petistas e peemedebistas estão aceleradas para alianças nas eleições de 2018. Além desses dois, há negociações em Minas Gerais, Piauí, Sergipe e Paraná.

Ao menos nesses seis estados, PT e PMDB, além de outros partidos da base que apoiaram o impeachment, já deflagraram negociações para alianças locais. Em Minas Gerais, se Dilma conseguir a vaga para disputar o Senado, o PMDB pode integrar a sua chapa. A explicação para essa aparente contradição de princípios é, acima de tudo, pragmática. Em especial no Nordeste, onde Lula chega a ter mais de 50% segundo as pesquisas de intenção de voto, a aliança interessa aos dois lados: para o petista, ter candidatos fortes pode impulsionar ainda mais suas possibilidades; para os “ex-golpistas”, ir contra um político tão popular pode complicar as eleições.

O líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), disse que no nível nacional não há negociações, mas confirmou que existem conversas informais nos estados onde os dois partidos já tinham aliança, que perduraram apesar do impeachment e da implosão das relações em Brasília.

— Eventualmente, há conversas nos estados, de maneira informal. São conversas nos estados onde já temos alianças e que perduraram — afirmou o deputado.

Embora o Diretório Nacional do PT tenha proibido formalmente alianças com partidos que apoiaram o impeachment, figuras importantes dentro do partido já defendem que a regra seja revista. Em entrevista ao jornal “Estado de S. Paulo”, o presidente estadual do PT de São Paulo, Luiz Marinho, próximo de Lula, defendeu que o partido tem de derrubar a proibição.

No Ceará, Eunício já declarou voto em Lula se o PMDB não tiver candidato à Presidência, o cenário mais provável atualmente, já que o presidente Michel Temer tem menos de 10% de aprovação e não há qualquer nome competitivo dentro do partido. Segundo aliados, Eunício inclusive vem se aproximando do atual governador e candidato à reeleição, Camilo Santana (PT). A ideia é que o senador apoie a reeleição de Santana e seja o candidato ao Senado em uma chapa conjunta.

‘Se não houver um entendimento nacional, se não houver uma aliança local que me obrigue a agir diferente, eu sou eleitor do Lula’
- EUNÍCIO OLIVEIRA
Presidente do Senado
— Se não houver um entendimento nacional, se não houver uma aliança local que me obrigue a agir diferente, eu sou eleitor do Lula — disse o presidente do Senado há cerca de duas semanas.

Em Minas Gerais, o governador Fernando Pimentel (PT) pode ter como vice o presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes, do PMDB. O deputado estadual é cotado para ser o vice de Pimentel porque o atual, Toninho Andrade, afastou-se do governador desde o processo de impeachment de Dilma, quando Temer assumiu o comando do país.

PUBLICIDADE

Mas o PMDB mineiro está dividido. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputado Rodrigo Pacheco (MG), disse ao GLOBO que é contra apoiar o PT e que o partido tem que lançar candidato próprio.

— O PMDB tem essa aliança com o PT atualmente. Há alguns membros que querem reeditar essa aliança e há outros que querem uma candidatura própria, como eu — reagiu Pacheco, ele mesmo cotado para ser o candidato.

Em Sergipe, a situação é parecida. Embora existam negociações para uma aliança, uma parte do partido tenta evitar a união.

— Se eles (PT) falam mal do PMDB em nível nacional, não tem por que fazer aliança aqui no estado. Se eles (PT) quiserem apoiar a gente na proporcional, tudo bem. Mas, para compor a chapa majoritária, sou totalmente contra — criticou o deputado Fábio Reis (PMDB-SE).

'RENAN ME AJUDOU A GOVERNAR'

Em Alagoas, Renan Calheiros há meses assumiu discurso de ataque ao governo Temer e se aproximou do PT e de Lula. No dia 22 de agosto, Renan foi às margens do Rio São Francisco se encontrar com Lula, em Penedo (AL).

A ruptura com Temer fez com que Renan saísse do cargo de líder do PMDB no Senado. Ele mirou, segundo aliados, na realidade de Alagoas, onde Lula tem cerca de 70% de popularidade. Segundo um aliado, Renan não poderia "brigar com a realidade" ou colocaria em risco sua campanha para o Senado e a reeleição do filho, Renan Filho, como governador.

Na caravana pelo Nordeste, em agosto, Lula foi só elogios a Renan e ao ex-presidente José Sarney, ligadíssimo a Temer.

‘O Renan pode ter todos os defeitos. Agora, o Renan me ajudou a governar este país. Sou grato ao Sarney, é importante dizer’
- LULA
Ex-presidente do Brasil
— O Renan pode ter todos os defeitos. Agora, o Renan me ajudou a governar este país. Sou grato ao Sarney, é importante dizer. Eu sou grato ao Sarney como presidente do Senado — disse Lula, na ocasião.

No Paraná, as negociações são entre o senador Roberto Requião (PMDB-PR) e a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Requião é dissidente dentro do PMDB, foi contra o impeachment e constantemente conversa com Lula. Por enquanto, a ideia é que Requião seja candidato ao Senado novamente e que apoie um nome do PT para disputar o governo do estado.

No Piauí, o histórico de alianças partidárias firmadas entre PMDB e PT é antigo. Para justificar a reaproximação dos partidos no estado, o deputado Assis Carvalho (PT-PI) destacou a posição defendida pelo presidente estadual do PMDB no Piauí, Marcelo Castro, que votou contrário à abertura do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff.


Para o líder do PMDB no Senado, Raimundo Lira (PB), também existe a possibilidade de coligações entre os partidos na Paraíba.

— Na Paraíba, tem viabilidade porque nosso aliado é o PSB, que é correligionário do PT. E nossa relação com o PT estadual também é historicamente boa. As informações que tenho são de que o presidente Lula não faz nenhuma restrição a esse fato. Cada estado tem uma realidade própria — avaliou.

"Com quase um ano para as eleições, as realidades tendem a se adaptar cada vez mais..."


Nenhum comentário:

Postar um comentário

O resultado da Mega-Sena... 50-51-56-57-58-59... Parece evidente o “cambalacho”... [SIC]

A Mega-Sena e a flagrante falcatrua. Quatro felizes apostadores acertaram os seis números da Mega-Sena sorteados neste sábado (23). ...